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Miss Euribor

Se me perguntarem neste preciso momento qual é a palavra de que eu menos gosto, sinceramente vem-me à cabeça a tão badalada Euribor.

A Euribor não é mais do que uma taxa interbancária, que corresponde ao valor de capital que os bancos emprestam entre si...mas quem é que vai pagar por isto?

Ora vamos lá conjugar o presente do indicativo do verbo Pagar:

Eu pago
Tu pagas
Ele paga
Nós pagamos
Vós pagueis
Eles pagam

Não é novidade para nenhum de nós que de facto estamos a atravessar um período de crise económica e as alternativas não são propriamente simpáticas para o consumidor em geral...mas...meus senhores, baixando desta forma o poder de compra que tem relação directa com a diminuição do nível de vida, será a melhor solução?

E o que mais me baralha é que num país como os EUA, ao primeiro sinal de crise a Reserva Federal decide baixar a taxa de juro de referência de modo a que os cidadãos não percam a sua estabilidade; pois na Zona Euro processa-se exactamente o contrário. Quanto pior estamos, mais pelintras nos querem pôr.

É um facto que (falando da sociedade portuguesa) os indivíduos querem sempre mais, se o vizinho tem uma tartaruga com asas o outro ostenta no dia a seguir um ornitorrinco mascarado de "Batman", mas também é verdade que a nossa sociedade está cada vez mais competitiva, somos cada vez mais aliciados a aliarmo-nos ao consumo exacerbado...mas há sempre bens essenciais, situações às quais não podemos de todo fugir para termos uma existência com relativa dignidade.

No meu caso específico posso dizer que por culpa da Miss Euribor em apenas 3 anos tive um acréscimo de cerca de 90% a mais na prestação do meu crédito à habitação. Para isto se tornar ainda mais surreal, os meus bancos de quando em vez lá se lembram de me oferecer cartões de crédito com plafons maravilha que não foram por mim solicitados, aprovam-me créditos ao consumo dos quais não tenho qualquer conhecimento. Fazem-no comigo e com a maioria das pessoas; entretanto é recorrente o tema do sobre-endividamento das famílias portuguesas.

Concluo eu que apesar da situação dos nossos mercados de capitais não ser das melhores e das mais desejáveis, a Banca continua a auferir lucros bilionários e nós, os pequenos consumidores acabamos por pagar bem cara a factura que cada vez pesa mais nos nossos estilos de vida.

A culpada não é a Euribor, mas hoje canalizo o meu descontentamento para ela.

Comentários

Unknown disse…
minha amiga, faço minhas as tuas palavras, também eu em 2 anos, tive um aumento "brutal" na prestação da casa, não sei quanto em termos de percentagem, porque nem tenho coragem para isso, e em relação aos bancos é só facilidades mas quando chega a hora da verdade... não há desculpas para ninguém.
Concordo igualmente contigo em relação ao BCE, não consigo perceber o porquê de não baixar as taxas de juro e a valorização do euro face ao dólar que só prejudica as exportações europeias, mas como eu não sou nunhum "guru" da economia, prefiro até nem perceber.
O que é certo é que a vida está cada vez mais difícil (mas só para alguns)
Fica bem
Pipas
Anónimo disse…
De facto neste país a Banca é o único sector que, apesar da crise, apresenta lucros fabulosos todos os anos, pois, se formos a ver, a maioria dos portugueses está preso a empréstimos bancários de longa duração.
Em parte o sobreendividamento das famílias é facilitado pelos bancos, os quais estão sempre a aliciá-las para o consumo. Um exemplo disso é o envio de cartões de crédito não solicitados; isso é um chamariz para gastar dinheiro.
Contudo, o mal não está nos cartões de crédito, nem mesmo nos bancos, mas na cabeça das pessoas, as quais não são realistas nem comedidas nos seus gastos.
E quanto ao funcionamento dos mercados financeiros internacionais, isso é um mistério inacessível aos leigos...
Se por cá se conjuga o verbo pagar, por lá, nos corredores do Banco Central Europeu, vai-se conjugando o verbo Euribor

Eu ribo
Tu ribas
Ele riba
Nós ribamos
Vós ribais
Eles ribam

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