Quem me conhece benzito sabe que sou uma caixa de surpresas, mas ainda há quem se espante e se surpreenda, bem sei que pela positiva.
Fui uma miúda excessivamente tímida, e cresci sem querer dar nas vistas - passar despercebida sempre foi o meu mote. Sempre me tive como o patinho feio da família mas sempre soube que era uma miúda inteligentezinha. Passei parte da minha infância em Lisboa e lembro-me que ao passar pela Cidade Universitária dizia sempre que ia estudar ali e iria acabar os meus estudos aos 22 anos.
Não colocava sequer a hipótese de reprovar, mas desengane-se quem pensa que era um crânio da astrofísica. Tive cada deslize até ao 9º ano que hoje dá-me uma certa vontade de rir, mas acredito que a minha mãe vivia em sobressalto. A verdade é que eu tinha sempre a situação controlada, ela é que não percebia nada disso.
Mas enfim, a miúda tímida, que só lia aquilo de que gostava mesmo e que se escondia atrás dos outros, deu lugar a uma mulher não muito diferente. De causas sim, de gostar de confortar os que sofrem, mas aparentemente frágil e com pouco confiança em si. Mais coração que cabeça e agora que o coração propriamente dito me começa literalmente a falhar, ainda mais sinto esse paradigma.
Comecei a levar pancada da vida muito cedo, demasiado até. E fui-me aguentando. Podia ter seguido a via da cabeça, mas este pequeno músculo é maior e mais pesado. E foi exactamente nos momentos de mais fragilidade, dor, perda, angústia e incerteza que não sei como, fui dando a volta e revelando uma força que nem eu sei onde a vou buscar. Sim, continuo a ser uma pessoa de causas, de valores, fiel e leal aos meus princípios, mas até um Santo tem os seus limites. E aquela mulher que é humana e que também tem direito de "rodar a baiana" de quando em vez, só o fez uma vez na vida há uns bons anos atrás - e aí percebeu que sabia rugir. Afinal do miar passei para algo em grande, e como canta o meu amigo P. qualquer coisa como "coragem de Leão, às vezes fraco, assim é o coração…"
Muita coisa se passou desde então, muita pancada, muito susto, muito sonho, muita desilusão, mas continuo na minha essência e recentemente alguém me disse:
"Deixas-me parvo. Isso sim é liderar a tua revolução. Quem diria que te aguentarias com uma criança nos braços sozinha, quem diria que com uma situação complicada a nível profissional ias dar a volta por cima e estarias como ficaste, quem diria que transparecerias toda essa segurança...quem diria que tinhas coragem para pegar na miúda e ires com ela sozinha passar férias para um país muçulmano. Tu és uma grande mulher mas...não és o epíteto da pessoa aventureira. E isso de pegares na miúda e embarcares sozinha com ela, é extraordinário!"
Parei para pensar e é a verdade - não sou nada aventureira, para o ser, preciso de um braço e uma mão forte. Mas, por outro lado, sou corajosa e tenho uma grande vontade, por um lado, em me superar e, por outro, fazer com que a minha filha seja tudo aquilo de bom que eu não consegui ser, fazer tudo aquilo de bom que eu não consegui. E por ela, supero os meus medos e o meu conformismo.
Uma coisa já aprendeu - a zelar por justiça, apenas tem que aprender que há momentos mais oportunos que outros para abrir a boca, mas, o que esperar de uma criança, quando muitos adultos não o conseguem.
E que venha o próximo passo - férias para os lados do Sahara.
Fui uma miúda excessivamente tímida, e cresci sem querer dar nas vistas - passar despercebida sempre foi o meu mote. Sempre me tive como o patinho feio da família mas sempre soube que era uma miúda inteligentezinha. Passei parte da minha infância em Lisboa e lembro-me que ao passar pela Cidade Universitária dizia sempre que ia estudar ali e iria acabar os meus estudos aos 22 anos.
Não colocava sequer a hipótese de reprovar, mas desengane-se quem pensa que era um crânio da astrofísica. Tive cada deslize até ao 9º ano que hoje dá-me uma certa vontade de rir, mas acredito que a minha mãe vivia em sobressalto. A verdade é que eu tinha sempre a situação controlada, ela é que não percebia nada disso.
Mas enfim, a miúda tímida, que só lia aquilo de que gostava mesmo e que se escondia atrás dos outros, deu lugar a uma mulher não muito diferente. De causas sim, de gostar de confortar os que sofrem, mas aparentemente frágil e com pouco confiança em si. Mais coração que cabeça e agora que o coração propriamente dito me começa literalmente a falhar, ainda mais sinto esse paradigma.
Comecei a levar pancada da vida muito cedo, demasiado até. E fui-me aguentando. Podia ter seguido a via da cabeça, mas este pequeno músculo é maior e mais pesado. E foi exactamente nos momentos de mais fragilidade, dor, perda, angústia e incerteza que não sei como, fui dando a volta e revelando uma força que nem eu sei onde a vou buscar. Sim, continuo a ser uma pessoa de causas, de valores, fiel e leal aos meus princípios, mas até um Santo tem os seus limites. E aquela mulher que é humana e que também tem direito de "rodar a baiana" de quando em vez, só o fez uma vez na vida há uns bons anos atrás - e aí percebeu que sabia rugir. Afinal do miar passei para algo em grande, e como canta o meu amigo P. qualquer coisa como "coragem de Leão, às vezes fraco, assim é o coração…"
Muita coisa se passou desde então, muita pancada, muito susto, muito sonho, muita desilusão, mas continuo na minha essência e recentemente alguém me disse:
"Deixas-me parvo. Isso sim é liderar a tua revolução. Quem diria que te aguentarias com uma criança nos braços sozinha, quem diria que com uma situação complicada a nível profissional ias dar a volta por cima e estarias como ficaste, quem diria que transparecerias toda essa segurança...quem diria que tinhas coragem para pegar na miúda e ires com ela sozinha passar férias para um país muçulmano. Tu és uma grande mulher mas...não és o epíteto da pessoa aventureira. E isso de pegares na miúda e embarcares sozinha com ela, é extraordinário!"
Parei para pensar e é a verdade - não sou nada aventureira, para o ser, preciso de um braço e uma mão forte. Mas, por outro lado, sou corajosa e tenho uma grande vontade, por um lado, em me superar e, por outro, fazer com que a minha filha seja tudo aquilo de bom que eu não consegui ser, fazer tudo aquilo de bom que eu não consegui. E por ela, supero os meus medos e o meu conformismo.
Uma coisa já aprendeu - a zelar por justiça, apenas tem que aprender que há momentos mais oportunos que outros para abrir a boca, mas, o que esperar de uma criança, quando muitos adultos não o conseguem.
E que venha o próximo passo - férias para os lados do Sahara.
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