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A "moda" da solidariedade

Confesso que se há coisa que me irrita são as "falsas" solidariedades.

Não me parece um bom princípio certas organizações e indivíduos se lembrarem de ser solidários ou promoverem a solidariedade na época natalícia.

Parte-se do princípio que por ser Natal as pessoas serão automaticamente mais solidárias; creio que é um erro crasso. Em primeiro lugar vejo o Natal cada vez mais como um rito pagão e cada vez menos ligado aos temas da religião. O Pai Natal é um personagem pagão, a árvore de Natal e a sua feitura continuam a ser ritos pagãos, sendo que se calhar o mais ligado ao cristianismo será o hábito de colocar uma estrela no seu cocuruto.

Entretanto é uma época de gastos por excelência e, para as pessoas que até têm o dom de ajudar, têm menos possibilidades nesta altura do que noutras épocas do ano.

E, mais importante ainda, quem precisa, precisa sempre e não apenas no Natal.

Portanto isto do "arredonda", da recolha de electrodomésticos para uma campanha de dádiva de aparelhos novos e por aí, não passam acima de tudo de estratégias de marketing dos grandes líderes do consumo, e esse conceito está errado.

Para além disso, parece que a pessoa é "obrigada" a ajudar, dar uma esmolita aos pobrezitos, coitados, porque fica bem e é Natal, mas durante o ano grande parte dos que nesta altura gostam de enaltecer a sua ajuda, esquecem-se dos tais pobrezitos coitados.

Nesta fase irrita-me de facto este tipo de campanha, são um bocado cínicas.

Falo assim, porque faço parte em boa hora do grupo, creio que cada vez maior de pessoas solidárias com quem mais precisa, não apenas no Natal, mas faseado e durante todo o ano.
Parto e reparto, educo a minha bebé com esses valores e tenho pena de não poder fazer ainda mais, mas se todos fizessemos um bocadinho, as condições de vida dos que têm menos seriam bem melhores.

Porque o conceito de Estado-Providência nunca nos tocou e jamais será uma realidade para nós.

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