Soubemos há pouco que "desapareceu" José Saramago.
Sem dúvida um vulto de reconhecidos créditos no âmbito cultural dos nossos tempos, embora confesse que a sua escrita não era de todo do meu agrado nem tão pouco alguma da sua atitude.
Mas quer queiramos quer não, a nossa cultura ficou sem dúvida muito mais pobre.
Talvez não simpatizasse muito com a figura porque pessoalmente me irritava um pouco aquele ar altivo e arrogante, mas também o sabemos que foi uma personalidade muito marcada por algumas injustiças do nosso regime, que inclusivamente renunciou a habitar no seu país por questões ideológicas e políticas...portanto é natural que se fique com uma aparência falsa de arrogante e conhecendo por vezes as pessoas todas essas questões se dissipem.
Quanto à sua escrita não é dos meus autores de "mesa de cabeceira" embora conheça algum do seu espólio, nomeadamente O Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis, alguns dos Cadernos de Lanzarote, A Jangada de Pedra e para mim a sua obra maior O Ensaio Sobre a Cegueira, esse sim considerei um livro excelente.
De uma forma tão crua consegue extrapolar naquelas linhas que de facto "o maior cego é aquele que não quer ver" e aí foi magistral.
Não fui daquelas pessoas que tenha recebido com grande entusiasmo a atribuição do Prémio Nobel da Literatura, pois nunca fui grande adepta da sua obra, e ao pé de Jean Paul Sartre, Ernest Hemingway ou Gunter Grass sempre o coloquei numa posição um pouco abaixo, mas reforço que não deixa de ser um grande escritor, português e que goste-se ou não da sua obra, é um vulto importantíssimo dos nossos tempos.
A nossa cultura ficou hoje mais pobre.
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