Somos acima de tudo, fruto da educação que tivemos, de uma forma mais abrangente, do sucesso ou não dos processos de socialização e também, do nosso livre-arbítrio. Quem não tem capacidade para corrigir certos erros, nem que seja aos 50/60 anos...não aprendeu grande coisa nesta jornada que é a vida.
Contudo, enquanto ser humano e mãe, a este nível tenho duas tarefas; a minha própria e a de dar ferramentas à minha filha para que de facto seja uma pessoa empática por exemplo.
E nada como exemplos práticos: fobias. As fobias são uma sensação inexplicável e aos olhos de quem não as tem, ou não tem as mesmas, podem ser, no mínimo, ridículas. Mas sejam o que sejam, eu respeito e tento sempre acalmar as pessoas.
A minha filha necessita melhorar esse item. Aqui há uns tempos estávamos a "turistar" algures por este planeta, eu, como qualquer turista que se preze olho muito em volta, para cima e para os lados e pouco para o chão, portanto, só mesmo quando estava quase em cima de uma ratazana cadáver é que dei por ela. Atenção, é uma das minhas fobias - pode dar-me para ter um ataque de pânico, hiperventilar, desmaiar...naquele dia deu-me para dar um berro e correr sem sentido na direcção oposta, quem estava connosco não se apercebeu logo o que se passou, eu lá acabei por parar a uns bons metros de distância do cenário dantesco aos meus olhos, a respiração descontrolada, ia sendo atropelada por uma Vespa (o motociclo). Um filme de terror.
A minha filha vem de lá a rir, o ar que me faltava pelo pânico, faltava-lhe a ela pelas gargalhadas e comenta o seguinte:
"Oh mãe, por favor. Era só um rato morto. Não faz mal, não faz impressão nenhuma. Ainda por cima nem estava em decomposição. Era só um rato!"
Entenda-se que de cada vez que ela pronunciava o nome por que é conhecido o animal, mais eu me arrepiava. Depois de me recompor, dei-lhe a lição de moral, mas ela não acatou.
Tudo bem. Fiquei triste porque já tem idade para respeitar certas coisas e sobretudo não gozar com fobias alheias. Ainda por cima eu tenho motivos para fugir dessas criaturas como se fugisse de um Tsunami.
Mas...adiante. Sem qualquer sentimento de vingança associado, depressa surgiu uma situação/lição. Ela sofre de aracnofobia. Mas mesmo a sério. Ao ponto de eu já ter parado numa auto-estrada para retirar um aracnídeo com 2 milímetros de diâmetro para evitar um acidente, tal não era o estado descontrolado em que ela estava.
E pois, posteriormente à minha situação, já se deparou com aracnídeos e veio a histeria e o "mãaaaaaeeeeeeee, está aqui uma aranha, vem tirar daqui a aranha, vem matar a aranha, eu não quero ver a aranha". E eu, com a minha santa paciência, lá retiro o pobre animal e questiono se por acaso em vez de a salvar de um artrópode inofensivo, me pusesse a desvalorizar a sua fobia, se ela por acaso gostaria.
Ah, não é a mesma coisa, um rato é fofo, a aranha não. E eu digo o mesmo, uma aranha é inofensiva e limpa, um rato não!
"Ok mãe, ganhaste, pronto, não gozo mais contigo por causa dos ratos, mas por favor, se eu vir uma aranha, vais matá-la está bem!?"
...bom, com esta afirmação, teve que ser dada outra lição, mas isso fica para outro post.
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