Portugal, aquele tal Estado laico que nos enfia pelos olhos e pela alma dentro os desígnios da suposta fé Católica
Eu aprecio o Papa Francisco e respeito quem tem fé, quem acredita. Deus pode ser adorado de várias formas, mas o fausto e a sumptuosidade da Igreja Católica não são de todo o que vem nas Escrituras. E defendo que cada vez mais deveriam eclodir os valores da humildade e do amor ao próximo e sobretudo canalizar a riqueza para onde ela é mais necessária.
Sejam verbas da Igreja, dos fiéis ou do Estado, e nesse Estado também entro eu, acho vergonhoso o aparato que tem uma jornada destas. A sua essência é um bluff. Sejam jovens, adultos, ou idosos, a clara maioria dos envolvidos nesta epopeia não vale nada, não faz nada para que a sociedade em que vivemos seja melhor. Porque pouco faz no seu “quintal”, para com as pessoas com que se cruza, para com o vizinho do rés do chão, para com a/o namorada/o que dizia amar como jamais amou alguém e no dia seguinte, o melhor que tem para dar é…ghosting; para com os avós, os tios, os pais…ou um desconhecido que precisa desmesuradamente de ajuda.
As crianças, os jovens, cada vez são, na sua clara maioria, o reflexo dos pais sem valores morais que têm, ou não experienciássemos cada vez mais episódios de violência nas escolas. A minha filha, com mãe mestiça e pai de raça branca ainda é insultada de preta em pleno século XXI e os pais dos agressores, chamados à atenção em reuniões de pais, ainda dizem que “é normal, são coisas de crianças”.
Pergunto, porque é que à vinda de um mortal que foi escolhido por outros tantos como ele, que passa a ser apelidado de Sua Santidade, se dá mais de 75% de tempo nos noticiários, deixando-se para trás a realidade que todos devemos saber, por que motivo é notícia a chegada de milhares peregrinos que alegremente falam aos jornalistas de valores que nem conhecem!? Concertos em nome da JMJ…levarão todos os músicos associados uma vida tão dedicada a causas no seu entorno? Serão assim tão escorreitos na sua vida ao ponto de dar a cara por uma causa que deveria ser um modo de vida e não apenas ser pretexto publicitário?
E os governantes? E os municípios? E os voluntários? Voluntariam-se nos restantes dias do ano para ajudar quem de facto precisa?
Isto digo eu, que sou filha de um seminarista, a minha mãe e avó estudaram internas em colégios de freiras das ordens de S. José de Cluny e Maria Auxiliadora e eu própria não tendo estudado numa instituição religiosa, tive como Educadora nos meus anos de Jardim de Infância a minha saudosa Irmã Teresa, freira da Igreja Católica, sempre vestida com o seu hábito azul escuro, pouco simpática mas muito, muito humana e que habita desde a minha primeira infância, no meu coração.
Não, não tenho nada contra o Papa, muito pelo contrário, mas tenho contra fantochadas, contra-sensos, cinismo e também contra o facto de uma religião se imiscuir na vida de um Estado, de um país, e ainda mais ver tanta encenação para um lado, e olhos fechados para outro.
Porque as pessoas, no seu geral, continuam a ser uns trastes.
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