A minha mãe nasceu nos anos 50 do século passado e a minha avó nos anos 30. Foram ambas educadas durante vários anos em colégios internos de freiras. Austeridade ao seu mais alto nível e que teve impacto na forma como viam a realidade.
Usufruí naturalmente das partes boas e más de que uma educação austera ocasiona. As partes boas: o saber estar, os maneirismos, e isso de facto agradeço. Abomino ver pessoas rudes, com pernas abertas, que não sabem estar a uma mesa, que não sabem deixar um prato, talheres e guardanapos após as refeições, enfim, pessoas que não se sabem comportar.
Mas também tive as partes más, da austeridade, que moldaram a minha forma de ser, e a pessoa adulta em que me tornei. Tenho a inteligência emocional suficiente para perceber e apartar o que não queria fazer aos meus filhos e o que sim deveria seguir, porque tudo, o bom e o mau, reitero me fez ser a pessoa que sou. E embora não seja adepta do castigo físico e não o utilize com a minha filha, confesso que a seu tempo, levei umas quantas que foram merecidas...outras nem tanto, mas essa parte a mim pertence.
Mas lembro-me de algo interessante e que é de facto tão diferente. As minhas boas classificações académicas eram seguidas sempre do comentário: "Não fazes mais do que a tua obrigação!"
E era isto. Sentia sempre que não era o suficiente. Mas hoje entendo que foi o melhor que a minha mãe e avó sabiam fazer, até porque em colégios internos de freiras, jamais terão recebido discursos motivacionais.
Já eu, nascida na década de 70, e com uma educação igualmente austera, perante os constantes sucessos da minha filha, respondo: "Uau, tu és fantástica. A mãe tem muito orgulho em ti!"
E premeio-a e elogio-a e motivo-a a ter brio. Que nunca perca o brio. É o mais importante. E perante um ou outro percalço, que no caso da minha filha se resume a um Bom Menos (fica doente e chora, pobre criança) eu continuo a dizer-lhe que é fantástica e que se se quer superar, para a próxima, consegui-lo-á.
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