Sucedem-se as ofertas, os postais, as mensagens e os emails alusivos à quadra que mais um ano vivemos.
E por isso, não podia deixar de partilhar um excerto de Eça de Queirós que me foi enviado hoje por email e me fez reflectir...
“… Nem eu sei realmente como a ceia faustosa possa saber bem, como o lume do salão chegue a aquecer – quando se considere que lá fora há quem regele, e quem rilhe, a um canto triste, uma côdea de dois dias. É justamente nestas horas de festa íntima, quando pára por um momento o furioso galope do nosso egoísmo - que a alma se abre a sentimentos melhores de fraternidade e de simpatia universal, e que a consciência da miséria em que se debatem tantos milhares de criaturas, volta com uma amargura maior. Basta então ver uma pobre criança, pasmada diante da vitrine de uma loja, e com os olhos em lágrimas para uma boneca de pataco, que ela nunca poderá apertar nos seus miseráveis braços - para que se chegue à fácil conclusão que isto é um mundo abominável. Deste sentimento nascem algumas caridades de Natal; mas, findas as consoadas, o egoísmo parte à desfilada, ninguém torna a pensar mais nos pobres, a não ser alguns revolucionários endurecidos, dignos do cárcere e a miséria continua a gemer ao seu canto!...”
In… Eça de Queirós, «III - O Natal», in Cartas de Inglaterra, Porto, Livraria Chardron de Lello & Irmão, 1905, págs. 45 a 54;
Consumismos e devaneios à parte, que tenhamos todos um Bom Natal.
E por isso, não podia deixar de partilhar um excerto de Eça de Queirós que me foi enviado hoje por email e me fez reflectir...
“… Nem eu sei realmente como a ceia faustosa possa saber bem, como o lume do salão chegue a aquecer – quando se considere que lá fora há quem regele, e quem rilhe, a um canto triste, uma côdea de dois dias. É justamente nestas horas de festa íntima, quando pára por um momento o furioso galope do nosso egoísmo - que a alma se abre a sentimentos melhores de fraternidade e de simpatia universal, e que a consciência da miséria em que se debatem tantos milhares de criaturas, volta com uma amargura maior. Basta então ver uma pobre criança, pasmada diante da vitrine de uma loja, e com os olhos em lágrimas para uma boneca de pataco, que ela nunca poderá apertar nos seus miseráveis braços - para que se chegue à fácil conclusão que isto é um mundo abominável. Deste sentimento nascem algumas caridades de Natal; mas, findas as consoadas, o egoísmo parte à desfilada, ninguém torna a pensar mais nos pobres, a não ser alguns revolucionários endurecidos, dignos do cárcere e a miséria continua a gemer ao seu canto!...”
In… Eça de Queirós, «III - O Natal», in Cartas de Inglaterra, Porto, Livraria Chardron de Lello & Irmão, 1905, págs. 45 a 54;
Consumismos e devaneios à parte, que tenhamos todos um Bom Natal.
Comentários
bem demonstrada na sua obra.
De qualquer forma, um grande e feliz Natal para ti e para os teus.
Beijos
Boas festas!