Lembro-me de ser criança e existir uma rúbrica na Rádio cujo título era precisamente, "quando o telefone toca". Não me recordo se as pessoas ligavam a pedir que tocassem uma certa música...talvez fosse isso, não sei.
Mas sei que quando tenho a miúda de férias fico com aquela ansiedade em receber notícias dela. E embora eu passe a imagem de easy going e que até dou graças aos céus por ter uns dias para mim...dou, é um facto, quando ela regressa, passados 5 minutos já tenho vontade de a mandar de volta outra vez....eu definho de saudades quando o pintainho não está debaixo da minha asa.
Portanto não há reunião mais importante que me impeça de atender a chamada diária da minha filha e, para não ter que me aborrecer, até a agenda bloqueei no período em que ela me pode ligar, para não ter que interromper e claro...dar prioridade à miúda.
Hoje já passavam 5 minutos da hora e eu já estava em sofrimento, mas contive-me; esperei. E esperei muito bem porque ela ligou logo a seguir e enquanto eu estava a falar com ela, por momentos senti sair do meu corpo, observar a cena de parte e pensar: "oh céus, quando me faziam isto eu detestava e morria de vergonha".
Mas o erro já havia sido cometido:
"Estás bem filha? Dormiste bem? E o que almoçaste? Só? E a sobremesa? Então e sopa, não dão? Ahhh, já foste às piscinas? Tens posto o protector solar? Compraste 2 chupas na lojinha? Lavaste bem os dentes depois? Estás rouca, dói a garganta?"
E entre muitas outras questões, a cereja no topo do bolo:
"Então e não tem saudades da mãe?"
Vá lá, ela riu-se, (ainda) não reclamou, por isso vou tentar ser mais soft amanhã. Pobre criança oprimida.
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