Ontem conheci uma pessoa, aliás, vi pela primeira vez uma pessoa, porque na realidade apenas travei conhecimento com ela hoje. Ele, aliás.
E foi assim uma sensação absolutamente nova para mim. Ver uma pessoa que parece pertencer a outro habitat, num contexto completamente díspar ao que, em teoria, por senso comum, achamos que pertence.
Foi inesperado e não estava de sobreaviso, mas mantive a discrição que me é característica. Não que a minha parte imperfeitamente humana não tivesse achado aquele ser humano intrigante. Mas que direito tenho eu em pensar que ele está fora do contexto? Poderei ser eu, na verdade.
Mais vale partir para o conceito de habitus e suas reminiscências, que apenas sociólogos e filósofos entenderão com maior propriedade.
Em suma, ainda que não lhe conheça as origens (ainda), porque estou mesmo muito interessada em saber mais de uma cultura que conheço só pela teoria, estou perante um índio da América do Sul ou Central, com indumentária regular, mas mantendo todas as características étnicas e alguns ritos de passagem cravados no corpo que me fazem olhar para ele e não ter qualquer dúvida de que é índio.
Estava longe de imaginar que iria ter tão interessante encontro na minha vida, precisamente num contexto onde é imprevisível encontrá-los. Mas não posso deixar que a minha imensa curiosidade científica e empírica me tolde o pragmatismo e o respeito pela privacidade desta pessoa e me ponha a investigar, como se em campo estivesse. Não posso. Mas não vou evitar a admiração que sinto por ter tão perto uma pessoa que, numa sociedade com uma organização diferente, consegue manter as suas características tão ancestrais e estar completamente enquadrado.
Estou fascinada. Mesmo. Enfim…eu gosto mesmo de pessoas, sobretudo pessoas com interesse e que, na sua individualidade me podem ensinar tanto.
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