Oiço aqui e vejo ali reacções que me preocupam de cidadãos face às recentes medidas do governo para reduzir o impacto da subida das taxas de juro nas famílias portuguesas.
Já aquando da Pandemia em que foram implementadas as tão afamadas moratórias foi a mesma coisa; conheço tantas pessoas que aderiram à medida, sem terem necessidade real disso. As pessoas olvidam-se de que nada é de graça e a longo prazo, aderindo às moratórias, o mais certo é terem um impacto ainda maior no pagamento dos juros totais da dívida.
Para as famílias que quase não têm o que comer, é evidente que nem devia ser necessário dirigirem-se às instituições de crédito para solicitar este adiamento, que no fundo, é do que se trata; agora para agregados familiares que em vez de irem refeiçoar mais vezes à Comporta, podem optar por ficar em casa, podem continuar a usar os sapatos de FW22 e abdicar de umas férias ou de pagar mais ou menos jantares aos parceiros que encontram nos Tinders, acho que tal opção nem se deveria colocar.
O que vai ocorrer nesses casos é que com as prestações mais reduzidas durante 24 meses, o valor que vão em termos hipotéticos poupar, vão gastá-lo em banalidades e o circulo continua a viciar. Porque as pessoas, de um modo geral, não estão habituadas nem estão para fazer sacrifícios.
Os bancos agradecem quando, daqui a uns anos, não sabendo nós como estará a conjuntura económica, social e pessoal de todos estes indivíduos, começarem a cobrar os seus lucros em falta. E isso é de facto assustador.
Dêem noções básicas de economia e finanças pessoais a esta gente por favor! Ensinem-nos a antecipar e não adiar problemas. E sobretudo, a "desendividar"!
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