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Livros escolares partilhados versus brio e civismo

 Começo por referir que mesmo quando os livros escolares não eram alvo de reutilização, fiz sempre questão que a minha filha os tivesse forrados e que os estimasse. Assim fui educada e considero que é básico.

Os livros escolares são ferramentas de estudo, acompanham os estudantes diariamente durante um ano lectivo, são alvo de uma utilização por vezes pouco cuidada, e há que os manter utilizáveis e com bom aspecto.

Ora, com a regulamentação que implica e muito bem que os livros sejam reutilizados, aumentando-lhes o tempo de vida útil, mais estimados e cuidados devem ser. E o mais básico é forrá-los e em segundo lugar instar as crianças e jovens a utilizar um livro com respeito, mantendo o mesmo limpo, sem folhas dobradas e rasgadas, sem riscos e porcarias. Esse respeito é devido não só ao próprio livro, como a quem o vai "herdar".

Pois que continua a ser uma surpresa para mim quando vou levantar os livros atribuídos à minha filha, que os mesmos não venham forrados, venham com meia capa dobrada e vincada, riscados no seu interior (quando nos dizem aquando da devolução dos mesmos que não podem ser entregues desse modo), com resíduos colados que honestamente mais me parecem objectos estranhos retirados da cavidade nasal, etc.

A culpa é tanto dos jovens que já têm idade para terem brio e serem asseados, mas também o é, acima de tudo dos pais, que não os educam com os valores básicos da vida em sociedade e respeito pela cultura e pelo próximo.

É chatinho forrar livros, mas faz parte do início do ano lectivo. Eu por exemplo tenho a ajuda preciosa da tia da criança que se auto-proclamou como a encarregada de forrar os livros à sobrinha todos os anos-lectivos mas antes da tia se aperceber que eu os entregava na Staples para forrar, era o que eu fazia - não tenho de facto tempo para tudo e era algo que eu tinha que delegar nesta altura.

Também não me venham com a questão dos custos; ainda sou do tempo em que tinha colegas de escola há 30 e tal anos atrás, que forravam os livros com papel pardo ou mesmo retalhos de revistas. Cada um faz conforme tem possibilidade, agora não o fazer de todo é no mínimo exasperante.

E reitero que em 7 manuais que levantei, não existe um único exemplar forrado. Para além disso iam dar-me um deles completamente pautado em hieróglifos e pinturas rupestres, livro que recusei e exigi outro em seu lugar, sendo que ouvi o seguinte comentário por parte da funcionária:

"Ah, mas alguém vai ter que o levar!"

Ao que lhe respondi:

"Pois, mas não vou ser eu concerteza, já que os livros que devolvo da minha filha para além de serem entregues com toda a dignidade que lhes é merecida, ainda lhes limpo a capa com CIF para retirar sujidade e possíveis dedadas por forma a respeitar quem o vai utilizar no ano seguinte!"

Já vamos em 8 anos de escolaridade, mas ainda não me conseguiram corromper ao ponto de passar a ter o mesmo tipo de prática desmazelada. Posso estar só nesta minha decência, mas nisto, talvez tenha algo do Sr. Salazar e tenho orgulho nessa solidão.

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