Tenho vivido nos últimos dias uma emoção daquelas grandes, perante a perspectiva de proporcionar uma grande surpresa à minha filha.
Começando pelo princípio, a história tem pouco mais de 6 anos quando, com cerca de 3 semanas de vida, uma grande amiga da família, que me conhece desde muito pequena lhe ofereceu uma coelha, que desde aí acompanhou a minha filhota para todo e qualquer lugar.
Com as suas orelhas proeminentes chamei-lhe Orelhinhas que veio a ser rebaptizada por ela, assim que desenvolveu a aptidão da fala de Naínhas...e assim ficou, até hoje.
Como qualquer brinquedo que acompanha uma criança pequena, a Naínhas, por muito que fosse à máquina de lavar, ficou encardida, descosida, rota mesmo - e nem estando uma noite de molho, ou sendo cosida com carinho pela avó, ela se desgostou dela. Apanhámos sustos, por muito atenta que eu estivesse, chegou a perdê-la no chão várias vezes, lembro-me de um dia ter percorrido o IKEA de ponta a ponta à procura dela e vir a encontrá-la no meio de uns cartões; outra vez esteve desaparecida cerca de 3 semanas e veio a ser encontrada num telhado de uma garagem ao lado do colégio; teve o pai de uma coleguinha que subir ao telhado e resgatá-la.
O bolo de 2º aniversário tinha a Naínhas....e é sem dúvida o conforto dela, o porto de abrigo para dormir, para comer, quando tem medo, quando está doente....
Com os crescimento fui sempre incutindo o sentido de responsabilidade; a Naínhas já podre de todo, disse-lhe que ela já não podia sair de casa, que ia ficar numa caixinha ao lado da cama dela e que estaria sempre aqui para ela; as resistências eram muitas, queria sempre levá-la, nem que que fosse para a deixar no carro durante o dia, para que depois, ao fim do dia, a Naínhas a fosse buscar.
Num certo dia, aconteceu o pior, já lá vão bastantes meses - levou-a escondida, eu não me apercebi e perdeu-a.
Sofreu pela perda e eu sofri por ambas. É que a Naínhas também faz parte da minha vida! Os primeiros dias foram duros, tentámos encontrar um boneco que a substituísse, a resistência foi muita, e teve que se resignar...mas, quase que diariamente e até hoje, a Naínhas cinzenta (encardida, entenda-se) era recordada por ela.
E tanto a procurei que venho a encontrá-la no site da Jelly Cat, marca da qual ela tem alguns bonecos e que eu não me lembrava ser a marca da Naínhas.
Bom, ao vê-la, concluí a compra e andei 1 semana em pulgas sem desvendar o achado.
Hoje finalmente chegou, quando a fui buscar coloquei-a na cadeira dela do carro; a "destrambelhada" entra no carro, atira com a mochila e depois olhou, olhou uma outra vez, virou-se para mim e disse:
"Mamã, o que é isto? É a...a...é igual à outra Naínhas, é igual mamã. Foste tu?? Como conseguiste? Foi a Fada Dentinho?"
Depois da emoção inicial agarrou-se a mim, deu-me os beijinhos mais ternos de sempre, agarrou-se à nova Naínhas igual à outra e não mais a largou.
Comeu com ela, desenhou-a várias vezes no bloco, agarrou-se a mim com ela, deu-lhe um ataque de histerismo daqueles de alegria e está feliz a miúda. Tem a noção de que não é a primeira, a tal encardida e com o cheiro dela, aquela que eu coloquei junto ao meu corpo nos primeiros dias, para ela mesmo no berço, ter sempre o cheiro da mãe....mas sente-se que é como se fosse.
Está feliz a miúda e eu....bom, eu ainda mais!
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