Ainda estou em choque. Alguém que mesmo antes de conhecer admirava, que me inspirou e que me fez interligar a paixão que tinha pela Comunicação Social à Sociologia.
Nos primeiros anos de curso, via-o passar pelos corredores do ISCTE e desejava ter a sorte em ser sua aluna - as aulas dele eram as mais concorridas, não cabia mais um grão de areia e, por isso, embora tenha escolhido logo a cadeira de Sociologia da Comunicação no 3º ano, os candidatos eram muitos, portanto tive que esperar pelo 4º - a espera valeu a pena.
Não era Professor cujas aulas dessem para tirar apontamentos ou muitas notas - cada tema era mais interessante do que o outro e ele puxava por nós de uma forma brilhante; cedo se estabeleceu uma admiração mútua, tantas vezes ele dizia para mim "esta miúda é inteligente", e eu, entre o rubor na face e o orgulho, ficava sem palavras, quase que me enterrava no chão.
No fundo eu gostava daquilo, gostava do Professor e portanto o caminho estava traçado para ter sucesso.
Foi a medo que lhe fui pedir para ser o meu Orientador da Dissertação do 5º Ano de curso; desde que entrei na faculdade nunca coloquei a hipótese de ter outro orientador que não ele, mas o facto é que, sendo tão requisitado, tinha que dizer que não a muitos alunos; tive sorte, foi com aquele sorriso aberto e o charme que lhe era característico que me disse aguardar ansioso pelo meu pedido, e que seria meu orientador com muito orgulho - isto para mim, aos 21 anos foi mais uma melodia apaixonante.
Escusado será dizer que ainda hoje me lembro sem precisar de recorrer à cábula, qual o número de telemóvel dele; a minha angústia de cada vez que partilhava com ele os meus textos, as minhas dúvidas, receio de estar a ser simplista - mas ele puxava por mim.
Havia a regra de, se optássemos pelos métodos qualitativos, na parte empírica constassem cerca de 15 entrevistas completas, para daí sermos capazes de retirar conclusões minimamente reais. Cheguei, já na perspectiva de o impressionar a dizer que iria entrevistar e trabalhar com 25 reclusos; sorriu, olhou-me de alto a baixo com aquele seu ar meio cómico, meio sedutor, e diz-me:
"Até podia ficar impressionado se não fosses tu, mas para a aluna que és, tenho um desafio - 50 entrevistas bem trabalhadas!"
Respirei fundo e disse - ok!
Depois de já ter o canudo nas mãos, confessou-me que o disse para ver até onde é que eu ia, mas que lhe deu um gozo enorme eu não ter desarmado e ter levado o desafio até ao fim.
Tenho tantas memórias dele...
Nos primeiros anos de curso, via-o passar pelos corredores do ISCTE e desejava ter a sorte em ser sua aluna - as aulas dele eram as mais concorridas, não cabia mais um grão de areia e, por isso, embora tenha escolhido logo a cadeira de Sociologia da Comunicação no 3º ano, os candidatos eram muitos, portanto tive que esperar pelo 4º - a espera valeu a pena.
Não era Professor cujas aulas dessem para tirar apontamentos ou muitas notas - cada tema era mais interessante do que o outro e ele puxava por nós de uma forma brilhante; cedo se estabeleceu uma admiração mútua, tantas vezes ele dizia para mim "esta miúda é inteligente", e eu, entre o rubor na face e o orgulho, ficava sem palavras, quase que me enterrava no chão.
No fundo eu gostava daquilo, gostava do Professor e portanto o caminho estava traçado para ter sucesso.
Foi a medo que lhe fui pedir para ser o meu Orientador da Dissertação do 5º Ano de curso; desde que entrei na faculdade nunca coloquei a hipótese de ter outro orientador que não ele, mas o facto é que, sendo tão requisitado, tinha que dizer que não a muitos alunos; tive sorte, foi com aquele sorriso aberto e o charme que lhe era característico que me disse aguardar ansioso pelo meu pedido, e que seria meu orientador com muito orgulho - isto para mim, aos 21 anos foi mais uma melodia apaixonante.
Escusado será dizer que ainda hoje me lembro sem precisar de recorrer à cábula, qual o número de telemóvel dele; a minha angústia de cada vez que partilhava com ele os meus textos, as minhas dúvidas, receio de estar a ser simplista - mas ele puxava por mim.
Havia a regra de, se optássemos pelos métodos qualitativos, na parte empírica constassem cerca de 15 entrevistas completas, para daí sermos capazes de retirar conclusões minimamente reais. Cheguei, já na perspectiva de o impressionar a dizer que iria entrevistar e trabalhar com 25 reclusos; sorriu, olhou-me de alto a baixo com aquele seu ar meio cómico, meio sedutor, e diz-me:
"Até podia ficar impressionado se não fosses tu, mas para a aluna que és, tenho um desafio - 50 entrevistas bem trabalhadas!"
Respirei fundo e disse - ok!
Depois de já ter o canudo nas mãos, confessou-me que o disse para ver até onde é que eu ia, mas que lhe deu um gozo enorme eu não ter desarmado e ter levado o desafio até ao fim.
Tenho tantas memórias dele...
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