Mesmo que a vida um dia deixe de fazer sentido para mim, enquanto eu viver este dia vai ser sempre muito especial; não estou a escrever este texto para ti hoje, porque a esta hora estamos a usufruir da companhia uma da outra num outro local, mas faço questão de deixar sempre uma recordação neste dia e às 15:48h, hora a que me foste posta por cima do meu ventre recém-nascida como filha e eu, recém-nascida enquanto mãe.
Já deves estar cansada de saber que o "nosso" parto foi complicado e difícil, a mamã esteve mais de 24 horas no sofrimento normal que é o de dar à luz (numas pessoas mais do que noutras), mas logo após teres nascido e eu ter recuperado um pouco daquela dor imensa de dilatação do corpo, forceps e afins, tive a certeza de que passaria por tudo outra vez, quiçá com mais coragem e a cabeça ainda mais erguida.
Quando nasceste, a Mãe (minha, e tua avó) disse-me que apesar de tudo o "pior" ainda estaria para vir; nove meses (40 semanas, whatever), um trabalho de parto, um nascimento correspondiam apenas a um pestanejar de olhos no resto das nossas vidas. E tinha razão.
Enquanto me habituava à amamentação sofri horrores, tinha dores, o peito endurecido, lá punha ora gelo, ora panos quentes, ora folhas de não sei o quê - quando o meu corpo me indicava que a tua hora de mamar estava a chegar, começava eu a sofrer por antecipação e quando tu pegavas no peito, eu até via estrelas - depois lá nos ambientámos e era um prazer mútuo; nem imaginas os portraits que temos nesse momento tão intímo e que fizeram as delícias do nosso núcleo mais restrito.
Entretanto as noites sem dormir (algumas, não demasiadas), a habituação do intestino, as cólicas, a tua aprendizagem ao novo meio ambiente - naqueles primeiros dias foi complicado, mas logo passou e chegámos à fase dos dentes, de te sentares sozinha, gatinhares, palrares - aquele susto do internamento com aquele maldito virús que me pôs verdadeiramente à prova pela primeira vez.
As pernas estremeceram-me naquela madrugada, sozinha contigo ao colo na urgência da Estefânea e os médicos a dizerem com cara de caso que tinhas que ficar internada - nem sei como não caí. Não sei como tive forças para te adormecer naquele quarto do isolamento, pedir às enfermeiras para olharem por ti por um bocadinho, ir a correr a casa buscar os teus brinquedos preferidos, as tuas roupas e um cobertor para mim e regressar ainda de madrugada com receio que tivesses acordado momentaneamente sem eu estar lá - estavas ligada a uns monitores, com sensores pelo corpo todo e diziam para eu não me preocupar - mas é impossível uma mãe não se preocupar,
Portaste-te bem, a sério que sim; quando tinha que te agarrar para te tirarem sangue, acredito que me doía mais a mim do que a ti, e estive lá, com toda a força que me foi possível.
Cheguei a estar um dia sem ir à casa-de-banho (não me perguntes como aguentei), lavava os dentes com aquelas dedeiras fantásticas da Oral B, mas mesmo com a possibilidade da avó ficar contigo para a mamã ir descansar um pouco, não fui capaz; optei por estar ali sempre pertinho de ti. Tiveste um acompanhamento fantástico, a equipa médica foi excelente, o virús também não era dos piores, tu tinhas um bom background e cedo passámos à fase de rescaldo.
Depois começaram as minhas preocupações porque não havia meio de tu andares; nós e as comparações com os outros, enfim...mas já aprendi que cada criança tem o seu ritmo e não vale a pena acharmos que não.
Começaste a andar com a idade com que te sentiste confortável e foi um gáudio; consegui captar com a câmara esses primeiros passos em casa, parecias um boneco. E assim tem sido até hoje e, a cada dia, não só te descubro um novo caracol no teu cabelo maravilhoso, como também me presenteias com as coisas próprias da tua idade.
A nossa jornada não vai ser fácil, na verdade nunca o foi, nasceste com esse fado; os últimos tempos têm sido de grande luta - chegámos à fase em que já sabes muito bem o que queres, e até o que não queres, és muito independente (quanto a mim até demais para a tua idade) e reages negativamente a muitas das regras que te imponho; custa-te, eu sei, custa-me mais a mim ter que as impôr, mas tem que ser e desculpa o clichè, mas é para teu bem. Quando tenho mesmo que me zangar e não ceder, não imaginas como fico cá por dentro, pois tenho a mania de ter de te compensar por tudo e mais alguma coisa, mas quero que tenhas bons exemplos, regras, valores, educação e não és de todo uma criança fácil, daquelas demasiado dóceis, não - tu contestas, reages e queres fazer valer a tua vontade; "invejo-te" a determinação e espero que em toda a tua vida sejas uma lutadora e que a tua existência se paute por tantas vitórias e poucas derrotas, mas em ambos os casos, eu estarei aqui, ou lá, estarei algures para te acompanhar, abraçar, ouvir ou mesmo para não dizer nada, porque tu sabes que és o amor da minha vida.
Estás tão crescida filhota e surpreendes-me a cada dia - agora olhas para mim e dizes - Mamã, és tão lindinha!
Não sei onde foste buscar isso, mas acho-te um piadão. Queres ter o cabelo como o meu, continuas a querer vestir-te como eu e embora me sinta feliz por ainda me veres como um modelo a seguir, espero que no futuro sejas tu própria, mas acima de tudo que tenhas uma grandeza de espírito e de comportamento que te coloque no grupo dos diferenciados, claro que sempre uma comum mortal, mas diferente - para melhor; decerto entenderás o que quero dizer.
Chega de conversa séria meu Tesouro; desejo-te hoje e sempre o melhor do mundo.
Da Mamã que te ama com todas as forças.
Mummy
Já deves estar cansada de saber que o "nosso" parto foi complicado e difícil, a mamã esteve mais de 24 horas no sofrimento normal que é o de dar à luz (numas pessoas mais do que noutras), mas logo após teres nascido e eu ter recuperado um pouco daquela dor imensa de dilatação do corpo, forceps e afins, tive a certeza de que passaria por tudo outra vez, quiçá com mais coragem e a cabeça ainda mais erguida.
Quando nasceste, a Mãe (minha, e tua avó) disse-me que apesar de tudo o "pior" ainda estaria para vir; nove meses (40 semanas, whatever), um trabalho de parto, um nascimento correspondiam apenas a um pestanejar de olhos no resto das nossas vidas. E tinha razão.
Enquanto me habituava à amamentação sofri horrores, tinha dores, o peito endurecido, lá punha ora gelo, ora panos quentes, ora folhas de não sei o quê - quando o meu corpo me indicava que a tua hora de mamar estava a chegar, começava eu a sofrer por antecipação e quando tu pegavas no peito, eu até via estrelas - depois lá nos ambientámos e era um prazer mútuo; nem imaginas os portraits que temos nesse momento tão intímo e que fizeram as delícias do nosso núcleo mais restrito.
Entretanto as noites sem dormir (algumas, não demasiadas), a habituação do intestino, as cólicas, a tua aprendizagem ao novo meio ambiente - naqueles primeiros dias foi complicado, mas logo passou e chegámos à fase dos dentes, de te sentares sozinha, gatinhares, palrares - aquele susto do internamento com aquele maldito virús que me pôs verdadeiramente à prova pela primeira vez.
As pernas estremeceram-me naquela madrugada, sozinha contigo ao colo na urgência da Estefânea e os médicos a dizerem com cara de caso que tinhas que ficar internada - nem sei como não caí. Não sei como tive forças para te adormecer naquele quarto do isolamento, pedir às enfermeiras para olharem por ti por um bocadinho, ir a correr a casa buscar os teus brinquedos preferidos, as tuas roupas e um cobertor para mim e regressar ainda de madrugada com receio que tivesses acordado momentaneamente sem eu estar lá - estavas ligada a uns monitores, com sensores pelo corpo todo e diziam para eu não me preocupar - mas é impossível uma mãe não se preocupar,
Portaste-te bem, a sério que sim; quando tinha que te agarrar para te tirarem sangue, acredito que me doía mais a mim do que a ti, e estive lá, com toda a força que me foi possível.
Cheguei a estar um dia sem ir à casa-de-banho (não me perguntes como aguentei), lavava os dentes com aquelas dedeiras fantásticas da Oral B, mas mesmo com a possibilidade da avó ficar contigo para a mamã ir descansar um pouco, não fui capaz; optei por estar ali sempre pertinho de ti. Tiveste um acompanhamento fantástico, a equipa médica foi excelente, o virús também não era dos piores, tu tinhas um bom background e cedo passámos à fase de rescaldo.
Depois começaram as minhas preocupações porque não havia meio de tu andares; nós e as comparações com os outros, enfim...mas já aprendi que cada criança tem o seu ritmo e não vale a pena acharmos que não.
Começaste a andar com a idade com que te sentiste confortável e foi um gáudio; consegui captar com a câmara esses primeiros passos em casa, parecias um boneco. E assim tem sido até hoje e, a cada dia, não só te descubro um novo caracol no teu cabelo maravilhoso, como também me presenteias com as coisas próprias da tua idade.
A nossa jornada não vai ser fácil, na verdade nunca o foi, nasceste com esse fado; os últimos tempos têm sido de grande luta - chegámos à fase em que já sabes muito bem o que queres, e até o que não queres, és muito independente (quanto a mim até demais para a tua idade) e reages negativamente a muitas das regras que te imponho; custa-te, eu sei, custa-me mais a mim ter que as impôr, mas tem que ser e desculpa o clichè, mas é para teu bem. Quando tenho mesmo que me zangar e não ceder, não imaginas como fico cá por dentro, pois tenho a mania de ter de te compensar por tudo e mais alguma coisa, mas quero que tenhas bons exemplos, regras, valores, educação e não és de todo uma criança fácil, daquelas demasiado dóceis, não - tu contestas, reages e queres fazer valer a tua vontade; "invejo-te" a determinação e espero que em toda a tua vida sejas uma lutadora e que a tua existência se paute por tantas vitórias e poucas derrotas, mas em ambos os casos, eu estarei aqui, ou lá, estarei algures para te acompanhar, abraçar, ouvir ou mesmo para não dizer nada, porque tu sabes que és o amor da minha vida.
Estás tão crescida filhota e surpreendes-me a cada dia - agora olhas para mim e dizes - Mamã, és tão lindinha!
Não sei onde foste buscar isso, mas acho-te um piadão. Queres ter o cabelo como o meu, continuas a querer vestir-te como eu e embora me sinta feliz por ainda me veres como um modelo a seguir, espero que no futuro sejas tu própria, mas acima de tudo que tenhas uma grandeza de espírito e de comportamento que te coloque no grupo dos diferenciados, claro que sempre uma comum mortal, mas diferente - para melhor; decerto entenderás o que quero dizer.
Chega de conversa séria meu Tesouro; desejo-te hoje e sempre o melhor do mundo.
Da Mamã que te ama com todas as forças.
Mummy
Comentários
Sou mamã de um reguila que vai fazer um ano... Tivr um parto rapido mas um pos parto triste pois o meu piolhinho ficou internado uma semana.,. Foi muito dificil para mim.
Parabens pelo blog, gostei muito!