Avançar para o conteúdo principal

E depois de mais uma morte num Serviço de Urgências no nosso país

Alegadamente devida, ou pelo menos negligenciada antes de ocorrer, por deixarem um doente à espera durante 5 horas é de bradar aos céus.

O indivíduo morreria na mesma se tivesse sido socorrido em menos tempo? Nunca se saberá, nem uma autópsia efectuada neste mesmo sistema de saúde o poderá comprovar a 100%, a dúvida persistirá.

E aqui vem mais uma vez a minha "luta" quando ao nosso sistema de triagens nos hospitais e a forma por vezes despreocupada com que são feitos.

Na última situação em que levei a minha filha ao hospital, e entenda-se que não sou uma mãe ansiosa; sou neta de enfermeiras, tenho familiares e grandes amigos médicos, portanto aprendi que antes de se ir à urgência há uma série de procedimentos a fazer, e que muito já evitaram idas desnecessárias.

Por experiência própria, nunca aconteceu nem comigo nem com a minha filha ir a uma urgência e mandarem-me embora com uma "virose"; efectivamente com a minha filha já aconteceu 1 vez, há cerca de um ano atrás, mas com o alerta por parte da equipa médica de que se no máximo em 2 dias o estado dela não registasse melhoras, para lá voltar - assim foi, esperei um dia e meio e a criança saiu de lá com um diagnóstico de pneumonia e uma otite.

Mas embirro solenemente com o facto de me chamarem para uma triagem, medirem a temperatura da criança e dizerem que tem cerca de 36º e eu a ter medido há 5 minutos atrás e estar acima dos 38.5º.

Perante a minha insatisfação, continuam a frisar que estas discrepâncias são normais e que ela não tem febre. Ok, não sou de me calar, espero uns instantes, volto a medir a temperatura à criança, que já estava completamente prostrada e quase inerte e já acusa 39.4º - bem, entro pela sala de triagem dentro e aborreço-me. Vêm os enfermeiros novatos em defesa uns dos outros, e voltam a medir e desta acusa uns tímidos 37,4º que para uma criança não é febre.

Sem muita paciência lá lhes disse que nem para pessoas boçais deveriam ter esta falta de zelo, mas se lhes aparece alguém pela frente com uma contestação óbvia, nada mais há a fazer do que verificar, certo!?

"Saquei" do meu termómetro e perguntei:

"Leiam por favor o que está no mostrador; se medirem a temperatura correctamente a esta criança inerte que aqui está, sem ser com o termómetro auricular em que põem e tiram e nem se preocupam se está bem ou mal colocado e o mesmo confirmar o que me dizem, talvez me convençam que os meus termómetros têm defeito, já que sempre que aqui venho em termos de diagnóstico febril é sempre o mesmo festival!"

Ah e tal, vamos ver, e tal...aha! O deles, bem medido marcava os mesmos 39.4º que marcava o meu. Lá foram a correr tratar da criança e eu apenas lhes disse que se a criança me fizesse uma convulsão eu queria ver como era; querem ver uma mãe desnorteada e façam destas à sua cria!

Portanto não me espantam estas situações que têm ocorrido nos últimos dias, sobretudo em época de picos nas urgências dos hospitais. O que me preocupa é por vezes vermos que certos técnicos não têm a sensibilidade suficiente para avaliar os doentes e isso pode gerar situações no mínimo discutíveis.

Comentários

Minhas Escolhas disse…
Tens que andar sempre apetrechada do teu termómetro. E para confirmar febre alta não é necessário sequer medi-la. Aliás eu sei quando tenho febre, mesmo baixa que não necessita de muitos cuidados, sem precisar medir. Ainda ontem estive com uma criança de 6 anos doente e bastou ver a cara dela e a forma como se encostou a mim qd a beijei na testa para eu dizer: mas ela tb tem febre!
Brown Eyes disse…
Sim, com a minha filha passa-se o mesmo. Não é preciso muito para eu sentir que ela tem febre, basta olhar para os olhos dela e para os lábios. Nota-se logo; pois aqueles enfermeiros com a miúda a arder e completamente prostrada diziam que não!

Mensagens populares deste blogue

Já começo a sentir o cheiro a férias...

Embora esteja a braços com uma bela gripe de Verão; antes agora, do que daqui a uns dias.

Folder "Para quê inventar" #6

 Também existe quem publicite "Depilação a Lazer"!  Confesso que quando olhei há uns dias para uma montra de um instituto, salão ou lá o que é de "beleza" fiquei parada por alguns momentos, não sabendo bem se deveria benzer-me, fazer serviço público e ir avisar as pessoas que aquilo estava mal escrito ou pura e simplesmente, seguir o meu caminho. Foi o que fiz, segui o meu caminho, porque na realidade não me foi perguntado nada, portanto não vale a pena entrar em contendas com desconhecidos à conta de ortografia. Mas...."depilação a lazer" é mesmo qualquer coisa! Para mim, não é mesmo lazer nenhum e posso confirmar que provoca até uma sensação algo desconfortável no momento, que compensa depois, mas daí a ser considerado lazer, vai uma distância extraordinária.

RIP - Seja lá isso o que for

 Sabemos lá nós se o descanso será eterno, ou mesmo se haverá esse tal descanso de que tanto se fala nestas situações. Sei que estou abananada. Muito. Penso na finitude e de uma maneira ou outra, já a senti de perto. A nossa evolução desde o nascimento até à morte é um fenómeno ambíguo e já dei comigo a pensar que sempre quis tanto ser mãe, que me custou tanto o parto da minha filha para lhe dar vida e que ela, tal como eu, um dia deixará de existir. Não me afecta a minha finitude, já desejei o meu fim precoce algumas vezes, mas não lido com pragmatismo com o desaparecimento de outras pessoas, nomeadamente das pessoas que me dizem ou até disseram algo. Hoje, deparo-me com uma notícia assim a seco e sem preparação prévia. Mas como é que um colega de quem recebi mensagens "ontem" pode ter morrido!? E vem-me sempre à cabeça aquele tipo de pensamento: "mas eu recebi ontem um email dele", espera, "eu tenho uma mensagem dele no Linkedin", "não, não pode, en